sábado, 17 de maio de 2008

Morador de cidade grande

Sirolo, que antes de eu e minha esposa chegarmos tinha 3 mil habitantes - agora 3002 - é tão pequena que parece mais um bairro. Não tem um cineminha, mas tem teatro, por incrível que pareça. Aqui, todo mundo se conhece. Difícil se acostumar com um local "tão sem nada para fazer", tão provinciano. Ainda mais para um "rato" de cidade grande como eu. Ah, tem o bar e café do Grilo, que nas noites de sexta e sábado costuma ter boa música ao vivo, como blues, jazz, rock e até música brasileira. Também há um parque que parece uma mini-Redenção. É um belo parque, onde é possível sentar na grama nos dias quentes e ficar jogando conversa fora. A gente se adapta a essa vida tão pacata. Uma coisa que ganhei aqui foi o sossego que não tive nos últimos oito anos. Como não estou trabalhando ainda regularmente tenho muito tempo para não fazer nada, para ler, principalmente ler. Consegui chegar ao ponto final do Castelo na Floresta, do Norman Mailer, em duas semanas. Obra de 500 páginas escrita por um mestre. Por sinal eu recomendo. Antes dela li um diário do Garibaldi, dado pelo meu pai, o véio Menega, no meu último aniversário. Naquela época era difícil encontrar tempo para ler, tendo que me dedicar a dois empregos. Mas foi superbom que isso tenha acontecido, porque eu tive oportunidade de ler aqui na Itália, na terra do autor. Não apenas porque pude conhecer mais sobre a vida desse personagem mítico e sobre as suas andanças pelo Sul do Brasil, lutando ao lado dos republicanos gaúchos contra o poder imperial, mas porque percebi como os meus sofrimentos nos primeiros dois meses aqui foram pequenos diante do que ele passou. Me serviu como verdadeiro alento e terapia.

Um comentário:

Martha disse...

Glauco, continuo curtindo muito acompanhar suas "aventuras e desventuras" em terras italianas através de seu blog.
Como dizia Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Todas essas dificuldades podem se transformar em fonte de aprendizagem. Aproveite!