segunda-feira, 30 de março de 2009

Diferenças

Aconteceu um fato aqui que surpreende imensamente alguém que veio do Brasil, um país que tolera a corrupção na política. O marido da ministra do Interior viu alguns filmes pornôs em casa e sem querer a despesa da TV a cabo foi enviada junto com outras a que ela tem direito, por força do cargo que ocupa. Detalhe, a conta é de aproximadamente 60 libras. Isso acabou gerando um pedido de desculpas público da ministra, feito em cadeia de TV nacional. O marido também repetiu o gesto, mendigando o perdão da opinião pública inglesa. Ainda hoje os principais jornais e noticiosos fizeram suas suítes, dando mais detalhes sobre o caso. A abordagem dada pela imprensa atingiu contorno de escândalo político - ou pelo menos constrangimento. O mesmo acontece quando uma criança morre. Gera uma comoção intestina que a nós brasileiros não afeta ou sensibiliza mais. Agora, o que estranha mesmo é que os ingleses, que foram capazes de cometerem as piores atrocidades nas suas colônias, tenham esse tipo de sentimento humano dentro de casa, que é refletido na sua imprensa - ou vice-versa.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Acidente

Aconteceram tantas coisas desde a última postagem. Uma delas é que a minha esposa passou por uma experiência um tanto traumática: se envolveu num pequeno acidente de ônibus em que um ciclista foi a causa. Pelo que ela me contou, o dito cruzou o caminho do ônibus e o motorista teve que frear bruscamente, levando muitos dos passageiros ao chão. Felizmente, não houve feridos graves, mas mesmo assim atraiu quase uma dezena de ambulâncias. Por sinal, a estrutura que a polícia e o sistema de saúde têm é impressionante. Basta que um pequeno crime aconteça para umas cinco viaturas da polícia aparecerem. Mas voltando ao fato, mesmo que a esposa não mostrasse ferimentos, os paramédicos fizeram questão de levá-la - assim como os outros envolvidos - ao hospital para ficar em observação. Não adiantou que tentasse argumentar que o caso não era para tanto. O rigor deles nestes casos é extremo. Se alguma coisa acontece com os passageiros isso respinga na empresa de ônibus, que afinal de contas é estatal. Lá pelas 17h recebo um telefonema da Fernanda, me explicando o fato e que não precisava me preocupar. Fiquei da mesma forma preocupadíssimo, principalmente porque ela não é muito versada na língua de Shakespeare. Mas como tem tanto imigrante que não sabe falar inglês o pessoal do atendimento já está escolado. Eles sacam um computador, conectam na web e, via tradutor, tentam entender e se fazer entender pelos pacientes e familiares. Para fechar a história, eles a trouxeram de táxi para casa. Pelo que me informei não é que todo mundo que procura o sistema de saúde tem esse tratamento, mas como o pessoal da empresa sabe que pode dar processo por negligência em caso de acidente, tratam de oferecer um atendimento vip, com direito a táxi gratuito na volta para casa.