quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Bolsa-Família italiano

Hoje o governo italiano lançou o seu bolsa-família. Certos jornalistas, todos eles atuando nos canais pertencentes ao conglomerado de comunicação de Silvio Berlusconi, douraram a pílula. Emilio Fede, da Rete 4, é o maior defensor do patrão, e toma partido abertamente por ele, inclusive atacando seus inimigos da oposição. Em entrevista com um senador do partido do premier, Popolo della Libertà (PDL), o jornalista iniciou a pergunta com uma afirmação: "o dia de hoje foi marcado por avanços...". O principal fato, o tal bolsa-família italiano, concede 40 euros por mês a famílias com renda igual ou inferior a 6 mil euros-ano. Segundo o governo, serão beneficiadas 1,3 milhão de famílias, das quais 1 milhão formada basicamente por idosos, e o restante por casais jovens com crianças pequenas. Em primeiro lugar, será difícil encontrar quem ganhe 6 mil por ano. Outra coisa: qual a diferença que 40 euros fará na vida de quem é pobre? Para que o leitor tenha idéia, um quilo de carne aqui está em média 15 euros. Um aluguel de um apartamento de 50 m² custa por baixo de 500 a 700 euros, podendo superar esse valor se as cidades em questão são Roma e Milão.

A sangue frio

Hoje foram condenados à prisão perpétua Olindo Romano e Rosa Bazzi, acusados por terem cometido um crime horrendo no comune de Erba, no norte da Itália, em 2006. O caso envolve a morte de quatro mulheres e uma criança, que depois de terem sido esfaqueadas tiveram os corpos queimados. Os autores colocaram fogo no apartamento onde as vítimas estavam, principalmente para apagar vestígios da autoria do delito. O motivo foi torpe: desentendimento entre vizinhos. O que impressiona, além do fato em si, é a frieza dos agressores, que costumavam até rir para os parentes das vítimas no tribunal. Agora deverão rir menos, pois serão proibidos de se encontrar por três anos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Isola dei famosi

Na Itália existe um reality show em que os organizadores colocam, em grupos separados, "famosos" e simples mortais desconhecidos numa ilha do Caribe. O nome é Isola dei Famosi (Ilha dos Famosos). A lógica é deixar o pessoal à míngua, com uma ração diária mais mirrada que a de um monge franciscano. À medida que o público vai mandando os participantes para casa, chega um momento em que famosos e não-famosos passam a conviver num mesmo grupo. Ontem aconteceu a final, e os três personagens eram peculiares: um bobo da corte, um transexual e uma argentina de rara beleza e personalidade. O impensável aconteceu. Ganhou Vladimir Luxuria, transexual com uma passagem pelo parlamento italiano como deputado e pelo que pude conhecer uma pessoa inteligente e dona de um pensamento crítico. O fato me surpreendeu, porque a população italiana é bastante conservadora. Taí a eleição de Berlusconi que não me deixa mentir.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Morte na escola

Gerou comoção na Itália a morte de um adolescente de 17 anos, Vito Scafidi, na escola de Rivoli, em Torino. O teto da sala de aula onde se encontrava o estudante e os colegas caiu, deixando, além de uma vítima fatal, vários feridos. O acidente na escola não é bem um acidente, mas o desdobramento trágico de uma série de omissões e o resultado de uma burocracia pesada. Desde 2002 havia à disposição um fundo de 500 milhões de euros endereçado à manutenção de escolas e universidades. A atual, discutida e discutível, ministra da Educação, Maria Stella Gelmini, promete a liberação de recursos emergenciais para evitar novas tragédias como a de Torino. Ou seja, precisou que acontecesse uma tragédia para que a ministra assumisse a responsabilidade pela manutenção dos prédios das escolas. O que ressoa muito mais forte é o choro e o testemunho da mãe desesperada de Scafidi, cujo filho foi à escola e não retornou.