segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dificuldades para trabalhar na Itália

Caminhar umas seis horas por dia distribuindo publicidade e ganhando por isso 30 euros não foi exatamente o que eu imaginei fazer de trabalho na Itália. Fiz esse trampo sábado passado, mas foi por apenas um dia. Observo como me iludi pensando que meus contatos ou dotes profissionais poderiam ser aproveitados e relativamente bem-remunerados. Obviamente que o domínio que eu tenho do idioma ainda é básico, mas esperava ter maior facilidade para me inserir no mercado de trabalho em vagas um pouco melhores. Alguns sites publicam, principalmente aqueles ligados à indústria da cidadania, que depois que você consegue se tornar um italiano a coisa melhora. Não é bem assim. A maioria dos ítalo-brasileiros que conheci atuam como faxineiros, badantes, garçons, carregadores, distribuidores de publicidade e por aí vai. Pelo que estou sentindo, a Itália não é um país que dá oportunidade a profissionais estrangeiros qualificados, a não ser quem sejam extremamente indispensáveis em áreas estratégicas para o país. Pelo pouco que tive oportunidade de testemunhar, nem mesmo àqueles que possuem dupla cidadania. A bem da verdade é que nem os jovens italianos que estudaram estão tendo oportunidades em suas áreas. A chaga do trabalho precário, que tornou incerto o futuro da reduzida juventude italiana, não permite que as pessoas em início de carreira possam fazer planos. Essa lei, que inspirou um livro e um filme que retratam o destino errante dos ragazzi, foi criada durante o Governo Berlusconi do início da década atual, e tem como preceito permitir que os empresários demitam e contratem os funcionários por tanto tempo quiserem, pagando menos impostos. Um italiano me contou que ficou por quase um ano desta forma. O que esperar desse terceiro mandato do Berlusconi? Boa coisa não virá.

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