terça-feira, 17 de junho de 2008

Luz da discórdia

Final da semana passada aconteceu uma coisa que me intrigou. Os meus senhorios colocaram um cartaz na porta de saída avisando para ter cuidado em não deixar a luz acesa. Segundo o meu critério, utilizaria esse tipo de expediente numa situação extrema. Não é o caso. No nosso caso, deixar a luz acesa é uma exceção e não a regra. Aqui existe uma neura em relação ao desperdício, o que particularmente penso ser uma atitude muito louvável. Mas no caso dos meus senhorios não se trata de consciência ecológica, mas de pura e simples mesquinharia. No meu caso, as despesas estão inclusas no aluguel, o que aparentemente parecia ser um bom negócio. Mas às vezes pode ser uma armadilha. Experimente ter proprietários mãos-de-vaca. Agora percebo que o mito do pão-durismo criado em relação ao italiano imigrante tem a sua raiz bem assentada na Itália. Alguma anormalidade no consumo é por volta suficiente para desencadear algum tipo de comentário do tipo que irrita, ainda mais quando se tem consciência de que se paga muito por um cubículo no qual vivemos batendo a cabeça no teto, de tão pequeno. Atualmente, a chaga do preço exorbitante dos aluguéis é o que mais castiga o consumidor italiano. Não contente com o cartazinho deixado na porta, a senhora de voz irritante ainda foi falar com a minha mulher, dizendo que havíamos deixado a luz acesa "un paio de volte". Não resisti quando alguns jovens que alugaram os quartos de baixo por um fim de semana não deram o clique. Aproveitei que estavam todos, incluindo os donos da casa, jogando conversa fora na porta de saída e dei uma largadinha: viu, não somos nós que deixamos a luz acesa. Esse tipo de comportamento mesquinho me deixa louco de raiva. Tudo bem que na Itália o preço da energia está ainda mais caro do que em outros países da Europa, porque precisa importar tudo o que consome de fora, mas exagero tem limite.

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