Fazemos aqui um curso de italiano em que temos como colegas pessoas da Índia, Marrocos, Vietnã, Tailândia e, principalmente, do Leste Europeu. Viemos encontrar até uma nordestina de Alagoas. É uma senhora falante e simpática, que como nós sente falta dos brasileiros. Aqui ela faz o trabalho de badante, que é como chamam a profissão de cuidar dos velhinhos – que geralmente é exercida pelas damas do Leste Europeu. Embora no início do curso eu tenha dito que estivesse aberto a travar amizades com pessoas de outras nacionalidades, na verdade esse tipo de enlace não é tarefa das mais simples. Aos poucos, vamos percebendo que os códigos são inteiramente diferentes, e mesmo que nos esforcemos fica difícil ir além de palavras amigáveis e pra lá de triviais, tendo em vista ainda a limitação do idioma de parte a parte.
Vez ou outra dá um quebra-pau entre os albaneses, que fazem jus ao nome da capital do país, Tirana. Por nada, de repente, começam a bater boca. Outra coisa que me chamou bastante a atenção é que o mito de que o mundo está interligado e globalizado não passa de um mito. Numa ocasião, quando fomos exortados a falar de pessoas que achávamos fascinantes cada um foi dizendo a sua. A professora não se fez de rogada e falou do George Cloney. Para surpresa da maioria, uma das colegas albanesas não sabia quem era o sujeito. Isso que ele tem casa aqui na Itália.
Outro dia a colega indiana falou do seu casamento, e do controle absoluto que os pais exercem sobre as escolhas dos maridos. Nem pensar que o candidato seja alguém que desagrade aos genitores. Outro fato é que uma mulher não pode em absoluto morar sozinha, sem a família ou um marido. Em boa parte da Índia, nem palidamente o movimento feminista conseguiu emancipar a mulher desse controle rígido.
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário