sexta-feira, 9 de maio de 2008

Globalização difícil

Fazemos aqui um curso de italiano em que temos como colegas pessoas da Índia, Marrocos, Vietnã, Tailândia e, principalmente, do Leste Europeu. Viemos encontrar até uma nordestina de Alagoas. É uma senhora falante e simpática, que como nós sente falta dos brasileiros. Aqui ela faz o trabalho de badante, que é como chamam a profissão de cuidar dos velhinhos – que geralmente é exercida pelas damas do Leste Europeu. Embora no início do curso eu tenha dito que estivesse aberto a travar amizades com pessoas de outras nacionalidades, na verdade esse tipo de enlace não é tarefa das mais simples. Aos poucos, vamos percebendo que os códigos são inteiramente diferentes, e mesmo que nos esforcemos fica difícil ir além de palavras amigáveis e pra lá de triviais, tendo em vista ainda a limitação do idioma de parte a parte.
Vez ou outra dá um quebra-pau entre os albaneses, que fazem jus ao nome da capital do país, Tirana. Por nada, de repente, começam a bater boca. Outra coisa que me chamou bastante a atenção é que o mito de que o mundo está interligado e globalizado não passa de um mito. Numa ocasião, quando fomos exortados a falar de pessoas que achávamos fascinantes cada um foi dizendo a sua. A professora não se fez de rogada e falou do George Cloney. Para surpresa da maioria, uma das colegas albanesas não sabia quem era o sujeito. Isso que ele tem casa aqui na Itália.
Outro dia a colega indiana falou do seu casamento, e do controle absoluto que os pais exercem sobre as escolhas dos maridos. Nem pensar que o candidato seja alguém que desagrade aos genitores. Outro fato é que uma mulher não pode em absoluto morar sozinha, sem a família ou um marido. Em boa parte da Índia, nem palidamente o movimento feminista conseguiu emancipar a mulher desse controle rígido.

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